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Rede Comunidade de Inovação Social se consolida como uma das iniciativas do Instituto Jatobás


Criada em 2015, a Rede-Comunidade apoia e incentiva grupos de pessoas que queiram desenvolver soluções efetivas e de impacto positivo em diferentes temáticas e territórios de São Paulo.

O século 21 e os dias atuais têm deixado claro que investimentos e resultados meramente monetários não significam melhoria de qualidade de vida, muito menos transformação e impacto positivo. O desafio global, pautado pela agenda 2030, de alcançar prosperidade com sustentabilidade se torna cada vez mais agudo. Como, então, construir um outro mundo possível?

Criado em 2002, o Instituto Jatobás busca responder a tal pergunta, sendo o desenvolvimento sustentável parte estruturante do DNA da organização. Para isso, ao longo dos anos, elaborou uma série de modelos, conceitos e ferramentas práticas pautadas em três principais pilares: conhecimento, mobilização e conexão. São os casos do Ecopolo de Desenvolvimento Sustentável Municipal, o Ecoparque e a Organização Sistêmica Sustentável, que trazem para a gestão estratégica, tanto financeira como político-administrativa, um lastro de amplitude sócio-cultural, ecológico e de qualidade de vida, orientado em indicadores de sustentabilidade

Mas se mudanças paradigmáticas ocorrem quando um sistema não consegue mais responder a questões ou demandas de uma sociedade, a transformação se dá, justamente, no exercício da inovação. Foi pensando nisso que o Instituto Jatobás idealizou, em 2015, a Rede Comunidade de Inovação Social, iniciativa que apoia e incentiva grupos de pessoas que se sentem impotentes diante da realidade e querem resolver, por meio da inovação social, problemas sociais complexos.

“A essência do trabalho do Instituto Jatobás consiste em influir para a ampliação da consciência, com foco na construção de um caminho coletivo, solidário e sustentável. Mas para isso, precisamos agir de forma empática e ativa. A Rede-Comunidade cumpre exatamente esse papel: de inovar, pela ação, já que mudanças sistêmicas e estruturais só são possíveis, quando conseguimos transformar o conhecimento adquirido em soluções efetivas”, analisa Luiz Alexandre Mucerino, vice-presidente do Instituto Jatobás.

“A proposta de ser uma rede é, principalmente, gerar, mais do que conexão, interação. Comunidade vem da ideia de se trabalhar para um bem comum, para e pelo o coletivo. Já a inovação social é o meio para que a transformação ocorra. Isto quer dizer que, a partir do entendimento profundo e da desconstrução de um problema, conseguimos produzir uma nova compreensão da realidade, gerando hipóteses de soluções, experimentações e mudanças disruptivas”, complementa Ivani Tristan, líder da Rede-Comunidade.

A iniciativa nasce com um propósito claro: facilitar e impulsionar a construção de um sistema social com novos paradigmas, a partir da atuação de agentes coletivos fortalecidos e conectados em rede distribuída. Para isso, propõe o jogo: aqui o processo é mais importante que o resultado; a colaboração e a interação são regras; as pessoas estão no centro da solução (isso se chama empatia. E sim, empatia é ação!); a aprendizagem é compartilhada; a inovação é social.

O Design Centrado no Ser Humano como abordagem

Para abarcar o conjunto de conceitos que embasam o trabalho da Rede-Comunidade, foram agregadas diversas ferramentas de gestão e inovação, por meio das chamadas metodologias leans, ou metodologias ágeis, cujo principal representante é o Design Thinking.

“O design thinking traz um ceticismo positivo, que nos possibilita questionar as nossas certezas e nos põe em contato com o público de forma mais empática. Dessa forma, analisamos o problema de forma holística, considerando o ponto de vista do público, priorizando a estratégia, para só então pensarmos em táticas, que são as soluções em si”, comenta Daniele Costantini, consultor da iniciativa.

A abordagem faz parte do chamado Human Centered Design (Design Centrado no Ser Humano), onde as pessoas estão no centro das decisões para a criação de soluções que realmente impactem positivamente a sociedade. Para que isso realmente aconteça, a metodologia se baseia em três diretrizes:

empatia: processo de escuta e ação empática, na qual toda solução é baseada no entendimento profundo da necessidade do público-alvo.

colaboração: processo coletivo e em cocriação com os diferentes pontos de vistas.

experimentação: processo de experimentação, prototipagem e teste, no qual errar e aprender rapidamente com o erro é permitido.

“Escolhemos o design thinking como metodologia mestra da Rede-Comunidade, pois nosso principal objetivo é incidir no nível mais profundo da inovação: a mudança de mindset (modelo mental). Somente a partir da aplicação e experimentação dessa base metodológica, podemos, juntos com os grupos apoiados, desenvolver um novo olhar sobre o problema. Um olhar a partir da necessidade do outro. Dessa forma, os grupos são incentivados a não se apaixonar pela solução, mas pelo desafio. É uma nova forma de escuta – ativa e empática -, que nos leva a relações mais saudáveis e soluções mais responsáveis”, analisa Ivani.

Como funciona a Rede Comunidade de Inovação Social

A Rede-Comunidade incentiva a formação e o funcionamento de grupos, organizações e coletivos de modo colaborativo, em temas de inovação social, cidadania ativa e desenvolvimento sustentável. A ideia central é fortalecer a proposta de valor, potencializar a sustentabilidade e alavancar os modelos de trabalho de cada grupo.

Para isso, a Rede-Comunidade atua em três principais frentes:

1. Apoio aos grupos:

Oferecemos duas formas de apoio: via convocatória de projetos (apoio com metodologia desenvolvida pela Rede-Comunidade + investimento financeiro) ou suporte de gestão organizacional (apoio metodológico, sem aporte financeiro).

Os grupos selecionados via convocatória percorrem todas as etapas da metodologia proposta pela Rede: (1) entendimento do problema e delineação dos desafios; (2) Pesquisa em profundidade, com base no método de entrevistas de empatia; (3) Elaboração do ponto de vista; (4) Ideação; (5) Prototipagem e testes. Além do suporte metodológico, os grupos recebem um investimento semente para viabilizar a realização do protótipo.

Já as organizações que necessitam de aprofundamento em ferramentas de gestão, podem receber assessoria em formalização organizacional, estratégia e gestão organizacional, gestão de projetos, captação de recursos e comunicação. Ou podem ainda participar dos eventos de mobilização promovidos pela Rede-Comunidade, que tem por objetivo a geração de soluções inovadoras em um curto período de tempo.

2. Animação da Rede

Durante todo o processo de mentoria, os grupos constroem conexões e integram ampla estrutura de rede, distribuída e fortemente conectada, com o objetivo de unir esforços e gerar maior valor social. Para fortalecer a conexão, são realizadas feiras de projetos, circuitos temáticos e espirais de conhecimento.

3. Gestão do Conhecimento
Visando ampliar o alcance da Rede-Comunidade, sistematizamos e divulgamos as experiências, aprendizados e conhecimento gerados durante todo o processo de mentoria com os grupos, por meio dos nossos canais de comunicação e da realização de fóruns e seminários.

“Os grupos ou coletivos podem entrar para a Rede-Comunidade, participando de suas convocatórias e assim receber um apoio financeiro e metodológico. É possível, também, buscar somente o apoio metodológico para endereçar necessidades específicas. Mas o compromisso principal da Rede-Comunidade é o de articular e fortalecer conexões para formação de rede aberta e distribuída, colaborativa, visando o aprimoramento e enriquecimento das relações entre as partes”, explica Ivani.

Caminhos possíveis e futuros

Além do processo prático de apoio aos grupos selecionados, a Rede-Comunidade buscou, ao longo de 2018,  a replicação dos saberes e experiências. Nessa etapa realizou-se a sistematização dos processos e o monitoramento e avaliação de indicadores. O estágio mais avançado dos grupos se dará com a integração entre eles para formação de uma rede aberta, distribuída e colaborativa, que visa o aprimoramento e o enriquecimento das conexões.

“A Rede-Comunidade não tem a pretensão de ser só uma apoiadora em termos financeiros. Queremos que ela realmente se torne uma comunidade de práticas de  compartilhamento, conectando pessoas, coletivos e organizações disruptivas, para que juntas impactem positivamente a sociedade. Para isso, estamos preparando ambientes de troca e multiplicação, dentre encontros presenciais, plataforma digital, grupos de trabalho nas redes sociais. Assim, conseguiremos manter contato e aproximação com todas e todos que passaram pelo processo. A intenção é que a Rede-Comunidade faça uma facilitação invisível (e não invasiva) dos grupos, facilitando a interação e potencializando a aprendizagem”, conta Isabel Pato, coordenadora de projetos da iniciativa.

Outra frente de continuidade da Rede-Comunidade se dará por meio da sensibilização. A ideia é, diante do desconforto mundial coletivo engendrado pela conjuntura atual, colocar luz em possibilidades de construção coletiva, que empoderem e fortaleçam mecanismos de transformação social.

Nós acreditamos que embora existam problemas complexos, nunca se teve, em toda a história, a oportunidade de se resolver tais questões e de se dar uma grande guinada em direção à inclusão e qualidade de vida para todas as pessoas. Aí entra o viés da sustentabilidade e da agenda 2030: não vamos deixar ninguém para trás. Temos um compromisso com planeta e com as pessoas. E este é também o papel da Rede-Comunidade”, completa João Lobato, líder do Think and Do Tank João Salvador Furtado, do Instituto Jatobás.

>> Para participar, contribuir ou indicar um grupo, entre em contato conosco, pelo e-mail: rede-comunidade@institutojatobas.org.br

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