Coletivos participam do primeiro workshop da jornada do #InovaZL2019, que teve como foco a conexão entre os grupos, além de iniciar o processo de Design Thinking, com o debate dos desafios de cada projeto.
Um respiro. O primeiro dia do workshop do Inova ZL 2019, realizado pelo Instituto Jatobás, via Rede-Comunidade de Inovação Social, e Fundação Tide Setubal (saiba mais sobre a parceria), no 7/6, poderia ser traduzido como um momento de reflexão profunda. Uma pausa para olhar e se conectar com o outro. Um dia de escuta ativa e de aprendizado por meio da empatia. Afinal, a qualidade de uma intervenção depende das condições interiores do seu interventor.
“Uma das etapas das jornadas realizadas pelo Instituto Jatobás visa promover a expansão de consciência e desenvolvimento do potencial humano: como as pessoas relacionam consigo mesmas, entre si e com a sociedade. Cada jornada é desenhada de acordo com o objetivo de aprendizagem e as experiências são realizadas por meio de diversas dinâmicas, ferramentas e metodologias (como o Design Thinking, Teoria U e Teoria integral). Para o Inova ZL 2019 trazemos à tona discussões sobre empatia, conexão, colaboração. A ideia é que as pessoas, sobretudo aquelas que atuam com impacto social e ativismo, que é o público da Rede-Comunidade, possam vivenciar outras formas de pensar e agir – sem julgamento, com escuta ativa, despertando a criatividade e a potência de inovação”, explica Ligia Carnicelli, do Instituto Jatobás.
Como quase tudo na vida, o encontro começou pelo… começo. Apelidado de “chegância”, o início do processo convidou as pessoas a fecharem os olhos e respirarem. Logo depois, a instrução: ‘abram os olhos e caminhem pela sala. Agora parem em frente alguém e olhem nos olhos da pessoa. Sem ne-nhu-ma palavra, tentem descobrir o que o olhar da pessoa revela? O que diz sobre a sua trajetória?’.
“Esta dinâmica mostra como o olhar, apesar de simples, é poderoso.
É um movimento mínimo com uma potência de conexão muito grande. A partir do olhar nos conectamos, conseguimos sentir o todo e, por fim, empatizar”, explica Patrícia Cassaca, facilitadora.
A ideia, como explica Ligia, é vivenciar um momento de suspensão do julgamento. Para isso, a atividade prossegue com uma rodada de conversa em duplas (exercício de escuta ativa, muito utilizado na abordagem da comunicação não-violenta), onde os participantes puderam compartilhar o que sentiram ao olhar nos olhos uns dos outros.
“A pausa para olhar e ter empatia é um desafio.Temos a sensação de que ninguém nos conhece. Ninguém nos enxerga”, revela Nathalia Bovolenta, do coletivo Wilifa.
Um novo jogo é proposto: em roda, cada participante sintetizou em uma palavra ou uma pequena frase o que gostariam de aportar para o grupo como um todo. Palavras como conexão, união, dedicação, alegria, equidade, resiliência, harmonia, afeto se transformam em ação e uma rede de barbante é formada, simbolizando a conexão e corresponsabilidade entre todos e todas.
“Estou feliz e surpreso. Pessoas que nunca teriam cruzado o meu caminho, hoje estão aqui na mesma rede que eu. Encontros e jornadas como essas renovam a esperança e demonstram que a transformação vem do trabalho em conjunto”, conta Pedro Correia, arquiteto do coletivo ArqCoop+.
Para finalizar o dia, os participantes foram convidados a se reunir em grupos e pensar em dez valores compartilhados para nortear toda a jornada. Daí nasceram, a partir da construção coletiva: corresponsabilidade, cocriação, equidade, inclusão, confiança, amor, afeto, conhecimento, parceria, empatia, comprometimento, cooperação.
O tal do Design centrado no ser humano
O segundo dia de workshop foi mão-na-massa. Na parte da manhã, Ivani Tristan, líder da Rede-Comunidade, apresentou a metodologia que irá modelar toda a jornada do Inova Zl 2019: o design thinking.
O tal design de pensamento é uma das abordagens mais conhecidas do Design Centrado no Ser Humano, que tem como premissa colocar as pessoas (público-alvo ou usuários) no centro das decisões. Para isso, se utiliza de conceitos como empatia, colaboração e experimentação para gerar práticas e soluções que impactem positivamente uma determinada comunidade ou território. (Leia mais >>)
“Escolhemos o design thinking como metodologia mestra da Rede-Comunidade, pois nosso principal objetivo é incidir no nível mais profundo da inovação: a mudança de mindset (modelo mental). Somente a partir da aplicação e experimentação dessa base metodológica, podemos, juntos com os grupos apoiados, desenvolver um novo olhar sobre o problema. Um olhar a partir da necessidade do outro. Dessa forma, os grupos são incentivados a não se apaixonar pela solução, mas pelo desafio. É uma nova forma de escuta – ativa e empática -, que nos leva a relações mais saudáveis e soluções mais responsáveis”, analisa Ivani.
Já na parte da tarde, os grupos se reuniram para responder à primeira pergunta da jornada: qual problema a sua ideia quer resolver?
Pergunta-chave (e indispensável para todxs aquelxs que trabalham com inovação social!), ela faz parte da definição preliminar do desafio. No próximo encontro, que acontecerá no dia 29/6, no Galpão ZL, os coletivos irão adentrar a segunda fase desta etapa: a investigação. Momento de mergulhar de cabeça no problema que se pretende resolver e iniciar uma pesquisa de empatia profunda para mapear as necessidades e oportunidades que irão, no fim, nortear as soluções a serem geradas.
Fotos: Jéssica Santana